A frente de uma das mais importantes pastas do Governo Jorginho Mello, o secretário de Educação, o professor Aristides Cimadon, tem em suas mãos, um dos maiores desafios que envolvem o futuro da educação catarinense: o Programa Faculdade Gratuita – promessa de campanha muito aguardada, e que deve ser colocada em prática ainda no segundo semestre de 2023. A proposta prevê investimentos na compra de vagas do Sistema Acafe para oferta gratuita de cursos superiores. A corrida para implantar, é grande. O Sistema Acafe, que vai receber o programa, garante estar preparado para a execução. No Legislativo já impera a ansiedade na chegada da proposta, que segundo a Secretaria de Estado, está sendo elaborada com prioridade e deve ser enviada em breve ao Parlamento.
Este e outros assuntos estão na entrevista exclusiva à Pelo Estado que o secretário nos concedeu. Cimadon fala ainda sobre o diagnóstico que avalia como delicada a situação das escolas estaduais e sobre as prioridades nesta gestão.
O professor doutor Aristides Cimadon é reconhecido por ter um extenso trabalho na educação superior de Santa Catarina. Foi presidente da Acafe e se afastou da reitoria da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc) para assumir o cargo de Secretário de Estado da Educação. Tem graduação em Filosofia e Pedagogia pela Universidade de Passo Fundo, e bacharelado em Direito pela Unoesc.
Além disso, tem Mestrado em Educação pela PUC-RS em 1982, Mestrado em Direito pela UFSC em 1998, e doutorado em Ciência Jurídica pela Universidade do Vale do Itajaí. Também foi Conselheiro Estadual de Educação e, atualmente, é Conselheiro Nacional da Educação.
Acompanhe a entrevista:
“Fiquei surpreso negativamente com o que encontrei na educação catarinense. No diagnóstico da infraestrutura das escolas, percebemos que somente 17% das unidades estão aptas a receber os equipamentos eletrônicos, por isso, é necessário uma força tarefa”, Cimadon.
PE: Professor Aristides Cimadon, o senhor que já foi reitor da Universidade do Oeste de Santa Catarina, foi cotado para ser Ministro da Educação no Governo Bolsonaro, foi nomeado membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), foi presidente da Acafe e ex-conselheiro do CEE, por que resolveu aceitar este novo desafio de assumir a Secretaria de Educação em sua carreira?
R: Confesso que nunca foi uma das prioridades da minha carreira ser secretário de Educação, mas aconteceu. Sempre acompanhei e participei dos projetos do Governador Jorginho Mello, como deputado e senador. Ele tem ajudado a sociedade catarinense em vários setores, sobretudo na educação e na saúde. Eu não poderia deixar de aceitar o convite do Governador para melhorar a educação catarinense e implementar mudanças para garantir a qualidade de formação de nossas crianças e de nossos jovens. A educação é fundamental para desenvolver a sociedade, por isso, é preciso melhorar a qualidade de ensino desde o ensino fundamental.
PE: Com mais de 60 dias à frente da SED, qual o diagnóstico em relação à secretaria? Quais são as prioridades?
A nossa prioridade sempre será a qualidade de ensino nas escolas, e isso envolve várias questões. Nestes primeiros dias de governo, fizemos um diagnóstico das principais necessidades da educação em Santa Catarina e encontramos uma situação bem delicada, principalmente na infraestrutura das escolas, uma de nossas prioridades, iremos iniciar a recuperação da rede elétrica para receber equipamentos tecnológicos, como lousas digitais, computadores, entre outros, que já estão comprados, mas não podem ser instalados.
Melhorar a implantação do Novo Ensino Médio também é uma de nossas prioridades na educação. Iremos investir em formações continuadas no ensino fundamental e médio para os professores e equipes gestoras, contando com
parcerias e articulando, junto aos municípios e usuários, adequado ao currículo. Com isso, queremos reduzir a evasão escolar, qualificar a prática pedagógica dos professores e garantir aos catarinenses uma formação básica adequada, para que ele seja transformador na sociedade.
PE: Secretário, a educação é a base para a qualidade de vida da população. Em relação ao sistema público de educação hoje em SC, o próprio Governador já falou sobre a importância de fazer mudanças para beneficiar a qualificação dos professores e melhorias na qualidade do ensino das escolas estaduais. O que o senhor avalia que precisa mudar/melhorar e como isso deve ser feito?
R: Então, diante das novas perspectivas educacionais, a solidificação do currículo catarinense é fundamental. Iremos realizar um trabalho com professores por meio das competências, incluindo formações, desde o Ensino Fundamental, a base da alfabetização, até formações específicas para implementação do Novo Ensino Médio. A partir das formações, vamos realizar avaliações de competências para saber o nível de aprendizagem dos estudantes.
PE: Falando agora de infraestrutura, há problemas graves como escolas sucateadas, sem equipamentos e outras com problemas, aparentemente simples de se resolver, como a instalação de ar-condicionado, como a SED pretende resolve-los?
R: Confesso que fiquei surpreso negativamente com o que encontrei na educação catarinense. No diagnóstico da infraestrutura das escolas, percebemos que somente 17% das unidades estão aptas a receber os equipamentos eletrônicos, por isso, é necessário uma força tarefa. Existem diversos processos licitatórios em andamento, contratos em execução, e alguns estão parados, que estamos melhorando. Estamos trabalhando para sanar algumas questões mais urgentes. Também há uma licitação em andamento para resolver os problemas da instalação elétrica em todas as unidades escolares, que será divida em duas etapas, contração de projetos e depois execução das redes elétricas.
PE: Secretário, em relação a uma das principais propostas de Governo de Jorginho, sobre a gratuidade nas universidades, o senhor mencionou que o Governador tem pressa e que esta proposta que deve ser implementada já no segundo semestre. Como está o andamento deste projeto? Quais são os maiores desafios para a implementação desse projeto?
R: Essa é a prioridade do governador Jorginho Mello para a educação superior no Estado. Estamos trabalhando, em conjunto com a Secretaria da Fazenda, Casa Civil, Administração, Procuradoria Geral do Estado e Controladoria Geral do Estado, no projeto da Universidade Gratuita, que irá beneficiar muitos catarinenses e ajudar no desenvolvimento de Santa Catarina. O desafio agora é encontrar a fonte dos recursos. Mas o projeto será implantado no segundo semestre de 2023.
PE: E em relação aos demais programas já existentes como o UNIEDU, por exemplo, devem continuar?
R: Sim. O Uniedu recebeu um investimento de R$ 505 milhões para 2023. O cadastramento e recadastramento já estão abertos.
PE: Professor, em sua avaliação e considerando toda a sua dedicação e experiência ao longo da sua trajetória, qual seria a meta ideal em relação à educação na vida das pessoas?
R: Na educação de Santa Catarina falta uma diretriz teórica que possibilite ações práticas. Queremos implantar uma educação de qualidade, que garanta aos catarinenses uma formação básica sólida para a cidadania emancipatória, tornando-o um agente de transformação da sociedade. Para isso, é necessário um planejamento e um direcionamento das ações e investimentos, pensando sempre na qualidade de ensino dos estudantes. Com o planejamento adequado, que já estamos fazendo, queremos transformar a educação catarinense em uma das melhores do país.
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Produção e edição
Mônica Foltran para APJ/SC e ADI/SC
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