Pelo Estado entrevista Governador Jorginho Mello: “É uma missão gigantesca que está só começando”
Vereador aos 18 anos, Deputado Estadual e Federal, Senador e agora Governador, com estes títulos conquistados, Jorginho Mello (PL) mostra que teve muito foco em sua carreira profissional e sempre soube onde queria chegar, e chegou. Na entrevista à Pelo Estado, Mello conta que nunca escondeu a vontade de Governar Santa Catarina. Se planejou para alcançar a meta e tem orgulho de não ter perdido uma eleição, “sou um político que tem orgulho de ser político. Acredito que a política é o melhor meio para transformar, para fazer o bem. Eu sempre gostei de gente, sempre acreditei que com força de vontade, fé e muito trabalho é possível mudar pra melhor a vida das pessoas”.
(Créditos: Cristiano Andujar/ Secom)
Quem está acostumado a ver o Governador no centro dos holofotes por onde quer que vá, não imagina que por trás das câmeras, existe um homem simples. Jorginho Mello conta que, nas horas livres, gosta de ficar com a família, brincar com os netos, tomar chimarrão e comer arroz, feijão e ovo. “E claro, de ouvir e contar os causos da nossa gente. De viajar pelo nosso Estado, que tem coisas maravilhosas que muitas vezes nem o catarinense conhece”, acrescenta.
Nesta entrevista o Governador fala sobre os desafios à frente da gestão do Estado, conhecido por ter uma economia pujante e diversificada, mas com entraves em setores importantes, agregado a um déficit de 2022 e da necessidade de recursos extras para 2023. Confira a seguir:
“Levantamos desafios e oportunidades, sabemos onde estamos pisando, sem achismos e sem números fantasiosos.”
Santa Catarina tem uma economia forte e muitas empresas querem se instalar aqui. Mas, conforme o diagnóstico apresentado pela Fazenda, encerramos 2022 com um déficit de R$ 128 milhões na Fonte 100 e precisamos de R$ 2,8 bilhões extras. Diante deste cenário, quais são as prioridades?
A prioridade é dar ao catarinense aquela qualidade de vida que aparece nos nossos indicadores. Tirar as pessoas das filas de cirurgias, dar ao jovem o estudo para que a gente não enfrente um enorme apagão de mão de obra, para que a família, mesmo pobre, possa ter um filho com estudo de qualidade. Arrumar as nossas escolas, que estão feias, levar a família pra dentro das escolas, pra estimular o filho e também o professor.
Fazer estradas e obras que abram caminho para os investimentos de fora também. Buscar financiamento e recursos onde houver possibilidade e com boas condições de pagamento. Tudo isso requer dinheiro e muita responsabilidade, transparência. Nós vamos nos virar nos trinta pra fazer o melhor com o que tivermos, dentro das regras de controle.
O senhor apresentou um diagnóstico sobre a situação das filas para cirurgias eletivas e um plano para zerá-las. Como será esse processo que irá abranger todo o Estado?
Nós trouxemos para a nossa saúde uma das maiores autoridades do Brasil na área, que é a secretária Carmen Zanotto. Ela, com sua equipe, se debruçou sobre os números e descobriu que teríamos capacidade de atender 21 mil pessoas por mês e atendemos menos de nove mil. Estamos trabalhando com um prazo de seis meses para zerar a fila por cirurgias eletivas, ou seja, atender aquelas pessoas que estão sofrendo há tempo na espera, que sentem dor, que enfrentam câncer. A Saúde identificou os principais gargalos na lista de espera do sistema de regulação, levantou a capacidade contratualizada nos hospitais sob gestão estadual e a média de procedimentos dos últimos meses e identificou as fontes de recursos. Vamos investir R$ 235 milhões este ano, contando com ajuda dos Poderes também.
Estabelecemos as prioridades e as diretrizes do Plano, que já começou a ser executado. Entre as prioridades apontadas no diagnóstico, está a ampliação da oferta de procedimentos cirúrgicos do sistema digestivo, vias aéreas superiores e geniturinário (rede própria ou conveniada) para agilizar o atendimento. Todo esse trabalho vai ser divulgado durante o andamento do Programa.
Foi apresentado à sociedade um balanço dos primeiros 30 dias de gestão. Como o senhor avalia este início, está sendo como esperado?
Eu avalio bem, penso que estamos conseguindo partir de uma base segura, porque nossos secretários se debruçaram sobre as suas áreas. Levantaram os desafios e as oportunidades, sabemos onde estamos pisando, sem achismos e sem números fantasiosos. É uma missão gigantesca que está só começando, mas contamos com um time fora de série e com muita vontade de trabalhar. Temos diálogo com todo mundo, com os políticos, a Assembleia, os Poderes, as associações. O objetivo é um só: fazer de Santa Catarina o melhor estado pra se viver e trabalhar.
O presidente da Assembleia Legislativa frisou em seu discurso de posse a harmonia entre os poderes. Da parte do Executivo, como será essa relação?
Da melhor forma possível. Sou filho da Casa Legislativa, tenho o maior respeito e sei da importância dessa harmonia, dessa abertura. O povo tem pressa de ver as coisas acontecendo, a gente não pode perder tempo com briga política. Quero ser um agregador, um apaziguador, governar em parceria com todos os setores. O presidente Nadal tem a mesma leitura e tem tudo para fazer uma excelente gestão.
Com o início dos trabalhos no Legislativo, quando deve ser encaminhada a Reforma Administrativa para tramitação? Como está o andamento da Medida Provisória?
Estamos nos finalmentes, fizemos sem pressa, porque era grande o desafio de arrumar as coisas sem gerar custo, mas foi o que eu pedi e é o que será apresentado. Vamos fazer melhor gestão do recurso público, fazer melhor com o que temos. É muito mais sobre remanejar estruturas e dar protagonismo as áreas que são vitais para Santa Catarina, mas estavam escondidas.
Em relação a uma das suas principais propostas de campanha, a faculdade gratuita, como está o andamento? Será possível implementá-la ainda neste segundo semestre?
Será sim. A Educação, a Administração e a Fazenda estão se dedicando a encontrar a melhor fórmula, e já começam surgir possíveis parcerias de fora do governo também. A Educação, como um todo, está sendo reavaliada, acreditamos que dá pra fazer diferente e ter melhor resultado. Não só no ensino superior, mas em todas as faixas, inclusive em parceria com os municípios. Em breve vamos apresentar à sociedade uma nova proposta.
O senhor sempre se mostrou um forte aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro e recebeu apoio durante sua campanha. Como pretende construir a relação junto ao presidente Lula?
Eu prezo muito pela gratidão e jamais vou esconder a gratidão pelo ex-presidente Bolsonaro, que permitiu que projetos importantes para Santa Catarina fossem aprovados, e que me apoiou na campanha, certamente ajudando para que eu me tornasse governador. O meu candidato a presidente na eleição foi o Bolsonaro. Trabalhei para que ele fosse reeleito, Santa Catarina fez o dever de casa, mas infelizmente não alcançamos a eleição nacional. Porém, é justamente por ser agora o governador de todos os catarinenses, que tenho que ter um bom relacionamento com o governo federal. Eu não vejo nenhum problema nisso, minha obrigação é trabalhar pelo Estado. Fui eleito para representar o Estado, e é isso que eu vou fazer.
Governador, um dos gargalos do desenvolvimento são as péssimas condições das estradas, principalmente no interior. Quais são as suas prioridades em relação a infraestrutura?
A primeira coisa já fizemos: um diagnóstico das obras em andamento, paradas e concluídas. Estamos descobrindo muita coisa feita com baixa qualidade e alto custo, coisas absurdas mesmo. A prioridade é organizar tudo isso e colocar em prática um plano realista, que possa ser executado, com prazo de início, meio e fim. Muitas promessas foram feitas, nós queremos fazer entregas, mas dentro da legalidade e com valores justos, porque quem paga é o catarinense.
A prioridade são as estradas, porque as más condições ceifam vidas, atrasam o desenvolvimento. Em todas as regiões existem demandas, que nós vamos atender dentro de um planejamento. Também os portos, aeroportos e ferrovias vão ganhar mais atenção, com secretaria própria, busca de recursos e profissionalização das coisas.
Sobre o desenvolvimento do Estado, a destacar aqui o agronegócio, onde há também os pequenos produtores rurais que precisam de um auxílio maior para alavancar seu negócio e gerar renda. Em seu Governo haverá incentivo ou apoio aos pequenos produtores rurais?
Nós vamos manter e ampliar o apoio aos pequenos produtores, porque eles mantêm a economia do agro viva e são responsáveis pela manutenção das famílias no campo. O produtor precisa muito de infraestrutura também, de internet de qualidade, de energia elétrica estável, e de inovação. Nós estamos despontando em setores novos, como a pitaya, as algas. A aquicultura também tem muito potencial. Nós queremos profissionalizar o campo, fazer o jovem estudar e voltar para a sua propriedade rural, porque vai ver lá um grande futuro.
E em relação aos demais setores: indústria, tecnologia, emprego… quais as prioridades?
Em cada setor estamos colocando especialistas para buscar oportunidade de melhoria, e tudo passa por estudo de qualidade. Esses setores específicos que você citou estão ganhando secretarias próprias, porque merecem muita atenção. Um estado como Santa Catarina, que já exporta soluções para o mundo todo, tem que ter muito incentivo à inovação, e estamos, desde a campanha, unidos com o setor de tecnologia, que foi quem decidiu qual seria o secretário da Ciência, Tecnologia e Inovação. Da mesma forma, a indústria vai ter uma secretaria, porque é um setor vital no nosso Estado, e temos diálogo com a Fiesc também para abrir cada vez mais portas para Santa Catarina no mundo.
>>Clique aqui para ver a coluna em PDFPE_entrevista_11-02-2023 (1)
Produção e edição
Mônica Foltran para APJ/SC e ADI/SC
Colaboração Cláudia Carpes
Contato: peloestado@gmail.com