“Todas as medidas de biosseguridade foram adotadas no controle e monitoramento da gripe aviária”
Fúlvio Brasil Rosar Neto, Superintendente de Agricultura e Pecuária em Santa Catarina
Santa Catarina é uma potência na produção e exportação de aves, sendo o segundo maior produtor do país. Recentemente, o Governo Federal liberou R$ 2 milhões para o combate e à gripe aviária, por meio de um convênio com o Governo do Estado, e que foi assinado pelo Superintendente do Ministério da Agricultura em Santa Catarina, Fúlvio Rosar Neto.
A Pelo Estado conversou com Rosar Neto sobre como está a produção e exportação de aves no Estado, os projetos do agronegócio entre outras ações da pasta. Confira:
Pelo Estado – Recentemente, o senhor encontrou o Ministro Carlos Fávaro durante uma agenda sobre gripe aviária, quando foi anunciada a liberação de R$ 2 milhões para o combate à gripe aviária. Poderia nos detalhar como foi o encontro?
Rosar Neto – Desde que assumi o cargo de Superintendente, eu e o Ministro Fávaro tivemos algumas oportunidades produtivas de conversar pessoalmente. Em especial, na última, discutimos sobre a situação da gripe aviária no Brasil, e sobre as medidas de prevenção e controle que estão sendo adotadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. Também debatemos sobre os desafios e as oportunidades para o mercado de carne de frangos, que é um dos principais segmentos da economia catarinense. O ministro disse que o Brasil tem potencial para aumentar sua participação no comércio mundial de produtos avícolas, podendo chegar a 42%, quiçá 45%, da produção mundial. Por fim, alinhamos a liberação de R$ 2 milhões para o combate à gripe aviária em nosso estado, que fortalecerá a defesa agropecuária, auxiliando nas ações de prevenção e controle da influenza aviária H5N1.
PE – Santa Catarina é um dos maiores produtores e exportadores de carne de frango do país. Como é feito atualmente o controle e monitoramento de casos de gripe aviária no Estado?
RN – Santa Catarina é um sucesso neste setor, exportando para 138 países. Somos o segundo maior produtor e maior exportador de aves do Brasil. Essa posição destacada no setor avícola catarinense é fruto de uma combinação de fatores, incluindo eficiência produtiva, adoção de tecnologias avançadas, rigoroso controle sanitário, diversificação do mercado externo e iniciativas voltadas para a qualidade dos produtos. Referente ao controle e monitoramento de casos de gripe aviária, existe uma abordagem colaborativa entre diferentes entidades, capitaneado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Todas as medidas de biosseguridade foram adotadas, incluindo: Vigilância Epidemiológica; Monitoramento em Propriedades Rurais; Testes Laboratoriais; Isolamento e Abate Preventivo; Restrições ao Trânsito de Aves e Produtos Avícolas; Educação e Treinamento. Temos orgulho de ter logrado êxito no combate a gripe aviária aqui no estado, fruto do trabalho abnegado do MAPA, Secretaria da Agricultura – SAR, CIDASC e toda a cadeia produtiva envolvida, não registrando nenhum caso de gripe aviária em aves comerciais.
PE – E quais são hoje os projetos em desenvolvimento da pasta e para quais áreas?
RN – Atualmente, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) está focado em uma série de projetos estratégicos para 2023/2024. Estamos trabalhando para fortalecer a produção sustentável de alimentos e investir cada vez mais em programas de desenvolvimento agropecuário e agroindustrial. Ressalto o Plano Safra 2023 do MAPA, o maior da história, que prevê a disponibilização de R$ 364,22 bilhões em crédito rural, valor 27% maior se comparado ao do ano passado. Outro projeto importante é a valorização da produção sustentável dos produtos brasileiros do agronegócio. Nesses dez meses de gestão do Ministro Carlos Fávero, o setor sentiu o reflexo na melhoria do comércio motivado pela política respeitosa com as práticas sustentáveis e rigorosa com os crimes ambientais. Na prática, temos acompanhado o combate ao desmatamento e o debate da transição de matriz energética limpa através do fomento ao biocombustível brasileiro. No campo ambiental, ressaltamos, também, o programa de conversão de pastagens de baixa produtividade, que visa intensificar a produção de alimentos de forma sustentável. Segmentos nos quais Santa Catarina já é destaque. O MAPA, ainda, tem trabalhado em projetos de melhorias em estradas vicinais da zona rural, na ampla disponibilização de máquinas e patrulhas agrícolas e na valorização da pesquisa científica, garantindo um agro catarinense cada vez mais dinâmico e tecnologicamente moderno. Buscamos estar atentos às dificuldades enfrentadas pelos nossos produtores rurais. Nesse sentido, conseguimos neste ano alterar o calendário para o plantio de soja, evitando o déficit de milho e outras culturas. De igual modo, garantimos, com o Decreto 11.732/2023, a redução da importação do leite para o Brasil, tendo como maior beneficiário os produtores de leite catarinenses.
PE – O senhor assumiu a Superintendência do Mapa de Agricultura e Pecuária do Estado no início do ano. Como foi encarar este desafio?
RN – Tenho dito sempre que o agronegócio é a locomotiva catarinense, é a mola propulsora da nossa economia. Hoje representamos 64,4% das exportações do Estado, com faturamento de 7,5 bilhões de dólares. É um setor multifacetado e pujante. Lidar com essa diversidade de atividades, desde a produção agrícola até a pecuária, requer um entendimento abrangente e a capacidade de coordenar políticas que beneficiem diferentes segmentos. Para além disso, o Superintendente pode atuar como uma ponte entre órgãos representativos do setor, como os Sindicatos Rurais, Prefeituras e Governo do Estado, captando recursos e deixando a cargo destes agentes a execução de políticas públicas que beneficiem o setor. Embora possua formação jurídica, militando como advogado, em virtude da minha atividade empresarial, estou umbilicalmente ligado ao agronegócio. Sendo assim, aceitei o desafio com elevado senso de responsabilidade, e tenho me dedicado incansavelmente para desempenhar um bom trabalho. Diariamente, me sinto encorajado pelos ensinamentos e ponderações dos técnicos do MAPA, dos produtores rurais, e de todos os stakeholders que fazem do agronegócio esta potência. Buscando agir dessa maneira, tem sido gratificante estar à frente do MAPA em Santa Catarina.
PE – Quais são os seus projetos à frente da Superintendência?
RN – Nosso principal projeto é continuar garantindo a defesa agropecuária e a fiscalização de seus produtos, assegurando a saúde das plantas, dos animais, e dos consumidores catarinenses, bem como a qualidade e a competitividade dos nossos produtos nos mercados interno e externo. Uma área também importante da Superintendência se relaciona ao fomento agropecuário. Nessa perspectiva, temos nos empenhado para ampliar o acesso dos produtores rurais aos programas e políticas públicas do MAPA. Outro tema de suma importância que buscamos promover diz respeito ao desenvolvimento tecnológico e ao fomento na área de inovação, ciência e pesquisa no setor agropecuário. Um dos problemas atualmente enfrentados pelas cooperativas e produtores é a falta de conectividade no campo. Estamos, de igual modo, estudando possibilidades para superação desse obstáculo.
PE – Como o senhor vê o atual cenário do agronegócio catarinense?
RN – O agronegócio catarinense é um dos mais dinâmicos e competitivos do Brasil, com destaque para a produção e a exportação de proteína animal, produtos florestais e grãos. O setor é responsável por 31% do PIB estadual e por 64,4% das exportações, gerando emprego, renda e desenvolvimento para o estado. O agronegócio catarinense tem se adaptado às exigências de sustentabilidade frente às mudanças climáticas, às demandas dos consumidores e aos avanços tecnológicos, buscando sempre a qualidade e a inovação. O cenário atual é de crescimento e de oportunidades, mas também de desafios, os quais têm sido superados com maestria por nosso setor agropecuário. Como superintendente do MAPA em SC, vejo com otimismo o futuro do agronegócio catarinense, que tem potencial para se consolidar cada vez mais, demonstrando eficiência e competitividade. Para isso, contamos com o apoio das entidades representativas do setor, dos centros de pesquisa e, principalmente, dos produtores rurais, que são os verdadeiros protagonistas do agronegócio catarinense.
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Por Celina Sales para APJ/SC e ADI/SC
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