“Os nossos hospitais estão preparados para atender os pacientes que precisarem de atendimento”
Carmen Zanotto, Secretária de Estado da Saúde
O cenário da dengue em Santa Catarina é preocupante. De acordo com o último informe divulgado pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive/SC), dos 295 municípios catarinenses, 156 estão infestados pelo mosquito da dengue. No período de 31 de dezembro de 2023 a 26 de fevereiro de 2024, foram registrados 25.254 casos prováveis no estado, um aumento de 554% em comparação com o mesmo período do ano anterior. A Coluna conversou com a Secretária de Saúde, Carmen Zanotto, para saber como está o planejamento de ações por todo o Estado. Confira:
Pelo Estado – Como Santa Catarina está enfrentando a epidemia de Dengue, que já se tornou um problema no país inteiro?
Carmen Zanotto – A Diretoria de Vigilância Epidemiológica de SC destaca que a melhor maneira de evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti é eliminar locais com água parada. Por isso, todas as pessoas devem cuidar de suas casas e locais de trabalho, eliminando qualquer objeto que possa favorecer o desenvolvimento do mosquito, que vão desde recipientes pequenos, como copos plásticos e tampas de garrafa, até os grandes, como caixas d’água e lajes.
Intensificação das ações, com o repasse de recursos financeiros aos municípios, campanha de comunicação, apoio técnico aos municípios, reuniões com os gestores municipais para alinhamento das ações, acompanhamento da implantação de novas estratégias em conjunto com o Ministério da Saúde (wolbachia e vacina).
Em SC, apenas o município de Joinville utiliza o método wolbachia e essa estratégia para implantação do método wolbachia está sendo coordenada pelo Ministério da Saúde.
Entre as ações de Governo estão o repasse de R$ 15 milhões aos municípios para ações de combate (2023), com mais uma parcela de R$ 5.000 milhões em fevereiro de 2024. Campanhas de conscientização para eliminar focos do mosquito da dengue, capacitação de profissionais da saúde para o atendimento de pacientes, decreto de emergência para agilizar o apoio aos municípios, reunião e encontros com gestores e equipes municipais para discussão de cenário epidemiológico e intensificação das ações. Há, ainda, a aplicação de inseticida nas áreas com transmissão, através do equipamento de Ultra Baixo Volume acoplado aos veículos, ações em conjunto com a Proteção e Defesa Civil para monitoramento estratégico da doença no estado, mutirões de limpeza em pátio de veículos com o apoio do Detran.
PE – Na última semana, o Governo do Estado repassou aos municípios R$ 5 milhões para ações de combate à doença. Houve um planejamento da SES junto às prefeituras para traçar um plano de ação para utilização desta verba?
CZ – Os recursos financeiros oriundos da deliberação deverão ser utilizados pelas Secretarias Municipais de Saúde para o custeio das ações de vigilância entomológica e epidemiológica das arboviroses, conforme as atividades elencadas nas Diretrizes Estaduais. Nesse sentido, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE/SC) e o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (COSEMS/SC) encaminharam uma sugestão de ações nas quais o recurso financeiro pode ser empregado. Entre elas estão: capacitações específicas com conteúdos voltados para dengue, febre de chikungunya e zika vírus, confecção e reprodução de material informativo e educativo (folders, cartazes, cartilhas, faixas, banners etc.), técnico e de trabalho (manuais, fluxogramas de risco, cartões de acompanhamento, boletins de campo e supervisão, notificações), contração de serviço para divulgação de informações através de carro de som, materiais de escritório (papel, canetas, lápis, cartucho para impressora etc.), custeio de internet e linha telefônica, para garantir o fluxo adequado das informações e o funcionamento do programa, bolsa e material de consumo dos agentes de campo (pesca larva, pipetas, pipetão, concha, álcool, algodão, tubitos etc), aquisição de uniformes, armadilhas e insumos para a realização da vigilância entomológica, além de combustível e equipamento de proteção individual (repelente, protetor solar, máscaras, luvas, macacões para aplicação de inseticida a ultra baixo volume etc.), a manutenção de veículos e equipamentos utilizados nas ações do programa (mão de obra, peças, combustíveis, lubrificantes, etc) e aluguel de veículos e equipamentos utilizados nas ações do programa. Também estão previstas nas orientações a reposição de peças para equipamentos de aspersão, telas mosquiteiro, aquisição de serviço para uso de drones, visando o monitoramento de locais de difícil acesso, contratação de pessoal, gratificações para recursos humanos que estejam desenvolvendo atividades de supervisão e coordenação do programa de controle da dengue, assim como diretamente envolvido com a vigilância dos casos (no processo de notificação e investigação de casos e óbitos) e o pagamento de hora extra visando a ampliação ou realização de horários diferenciados nas ações de vigilância epidemiológica e controle vetorial.
PE – Como se encontra a estrutura dos hospitais para atender a alta demanda de pacientes?
CZ – O atendimento inicial dos pacientes com dengue, que não são casos graves, são feitos nas UPAs e nos centros de atendimento. Os nossos hospitais estão preparados para atender os pacientes que, por ventura, precisem de atendimento, tanto no infantil Joana Gusmão, quanto no Regional São José, e Celso Ramos e, inclusive, no Hospital Florianópolis. Os hospitais próprios estão bem abastecidos de insumos, principalmente soros de hidratação. E as estruturas estão sendo reforçadas para termos mais espaço de acolhimento.
PE – Florianópolis está com um centro de referência para a dengue. A iniciativa irá se estender para as outras regiões?
CZ – Cada município tem a sua estratégia. Alguns municípios também estenderam o horário de atendimento das Unidades Básicas de Saúde, UPAS e Joinville, como Florianópolis também abriu um Centro de Referência.
PE – Como está o cronograma de vacinação contra a dengue no Estado e qual a previsão para repasse das vacinas?
CZ – As primeiras doses da vacina contra a dengue já chegaram ao estado de Santa Catarina em 22 de fevereiro. Devido ao limitado quantitativo de imunizantes disponíveis, neste primeiro momento, SC recebeu apenas 29.100 doses que serão utilizadas para aplicação da primeira dose (D1) em crianças de 10 e 11 anos de 13 municípios da região Nordeste (confira a lista abaixo).
A administração da vacina contra a dengue é realizada em um esquema de duas doses (D1+D2) com um intervalo de 3 meses de aplicação entre elas. Em Santa Catarina, todas as crianças e adolescentes residentes nos 13 municípios da região Nordeste com idade entre 10 e 14 anos terão direito à vacinação durante o ano de 2024. Um público-alvo total de 71.468 pessoas. No entanto, as doses vão chegar ao estado de forma escalonada. Desta forma, tanto as vacinas para aplicação da D2 nas crianças de 10 e 11 anos, quanto para iniciar o esquema vacinal nos demais serão entregues ao longo dos meses, ainda sem previsão de data.
A vacinação contra a dengue tem como objetivo reduzir as hospitalizações e óbitos decorrentes da doença. Para tanto, é necessário alcançar a meta de 90% para o esquema completo da vacinação (D1+D2).
Para consultar locais e horários de vacinação, os pais e responsáveis devem fazer contato com a secretaria de saúde do município onde residem.
Lista de municípios com vacinação
Araquari
Balneário Barra do Sul
Barra Velha
Corupá
Garuva
Guaramirim
Itapoá
Jaraguá do Sul
Joinville
Massaranduba
São Francisco do Sul
São João do Itaperiú
Schroeder
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