Pelo Estado Entrevista: Alexandre Soratto, Presidente do Imetro SC

Pelo Estado Entrevista: Alexandre Soratto, Presidente do Imetro SC

“O empresário de boa fé é o nosso principal cliente. O consumidor final é um beneficiário de nossos serviços”

Alexandre Soratto, Presidente do Imetro SC

 

Alexandre Soratto assumiu a presidência do Imetro-SC, em fevereiro de 2023. É o primeiro servidor do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro SC) a assumir o cargo de Dirigente Máximo de um órgão delegado do Inmetro. Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento, mestre em Engenharia de Produção e graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), possui especialização em Metrologia e é Pesquisador-Tecnologista do Inmetro, onde atuou como Avaliador-Líder de Acreditação e coordenou pesquisas nas áreas da metrologia legal e da avaliação da conformidade. 

Recentemente, Alexandre vem estreitando relações com o setor produtivo e tem se reunido com gestores de federações e associações da indústria e do comércio. 

A Coluna conversou com ele para falar sobre os objetivos deste movimento e o papel do órgão para a sociedade catarinense. Confira:

 

Pelo Estado – Dr. Alexandre, sendo um servidor de carreira do Inmetro, do Governo Federal, com bastante experiência na área da metrologia e avaliação da conformidade, o que o levou a aceitar o desafio em ser presidente do órgão em Santa Catarina?

Alexandre Soratto – Eu tenho muito reconhecimento e gratidão pelo Instituto de Metrologia de Santa Catarina, que me acolheu desde quando era uma Superintendência do Inmetro federal, na década de 90. Tudo que aprendi, somado a possibilidade que o governador Jorginho Mello me deu de montar uma equipe competente, me dá tranquilidade para fazer uma gestão íntegra e para implementar uma transformação positiva e merecida no Imetro-SC.

 

PE – Quais as suas diretrizes, objetivos e metas à frente da gestão?

Alexandre Soratto – Iniciamos uma mudança profunda na forma de atuação do Imetro-SC. Estamos mudando na tentativa de visitar tudo e onerar desnecessariamente o bom empresário, para um plano de atuação com visitas priorizadas, baseadas no histórico da empresa. De um órgão que somente fiscaliza e pune, para um instituto orientador e aliado do bom empresário. De um órgão pouco conhecido pela sociedade, para um instituto reconhecido como útil e confiável pelo setor produtivo e pelos consumidores catarinenses. Nossos objetivos e metas são pactuados anualmente com o Inmetro federal e contempla, dentre outras ações, a verificação metrológica de mais de 50.000 instrumentos de medição e a vigilância no mercado de mais 500 tipos de produtos.  

 

PE – E quais foram os desafios encontrados?

Alexandre Soratto – O principal desafio é administrar com grande limitação de recursos financeiros. O Imetro usa recursos da União, do convênio com o Inmetro e, os sucessivos contingenciamentos orçamentários do governo federal, nos últimos 8 anos, limitaram bastante a capacidade de atuação do instituto. Nosso orçamento para 2024 é inferior ao de 2018.

 

PE – Sobre controle de qualidade, qual o setor que ainda tem mais dificuldades em alcançar excelência?

Alexandre Soratto – Estamos encontrando muitas irregularidades e até fraudes em alguns produtos. Como exemplo, temos apreendido fios e cabos elétricos com diâmetro inferior ao declarado e com ligas metálicas mais baratas e menos condutoras que o cobre. Muitos pescados congelados estão chegando ao consumidor com muito gelo que não é descontado do peso líquido do produto. 

 

PE – O Inmetro está no dia a dia da população, mesmo que as pessoas não percebam. Como o senhor explicaria a atuação diária – ou rotineira – do órgão e como avalia a relevância dele para a sociedade?

Alexandre Soratto – Todos os dias os fiscais realizam a verificação metrológica de milhares de instrumentos de medição como as balanças e as bombas medidoras de combustíveis. Inspecionam também o peso, o volume, as dimensões e número de unidades de produtos pré-embalados como, por exemplo, os da cesta básica de alimentos. Fiscalizam também a segurança de produtos e serviços que podem oferecer risco aos consumidores, como artigos infantis, materiais elétricos, peças automotivas, instalação de GNV veicular, dentre muitos outros. Todo este trabalho assegura o comércio justo para que o consumidor leve para casa produtos conformes e seguros, e combate a concorrência desleal que tanto prejudica os mercados e a economia catarinense.

 

PE – O Imetro está desenvolvendo agora uma ação para estreitar relações com o setor produtivo catarinense. Qual o objetivo deste movimento e como ele está sendo realizado?

Alexandre Soratto – Eu tenho dito que o empresário de boa fé é o nosso principal cliente. O consumidor final é um beneficiário de nossos serviços. Quando combatemos as fraudes de empresas ruins, nos tornamos grandes aliados das boas empresas, que atuam dentro da legislação metrológica e de segurança de produtos e serviços. Mas, nossa aproximação com o setor produtivo, por meio da FIESC, FACISC, FECOMÉRCIO, FAMPESC e ACATS vai além. Queremos que o Imetro-SC seja, cada vez mais, um parceiro da boa empresa, com ações orientativas, levando informações de valor para que o empresário catarinense possa observar as exigências do Inmetro e evitar multas. Seguindo a legislação, as empresas catarinenses elevam a qualidade de seus produtos, ganham competitividade no mercado nacional e internacional, e não terão problemas com a fiscalização em outros estados brasileiros.

 

PE – No final do ano passado, o Inmetro inaugurou um moderno laboratório de Segurança de Produtos, no município de Tubarão. Qual a importância dele, como o espaço está sendo utilizado e quais avanços trará para empresas e consumidores?

Alexandre Soratto – O Laboratório de Segurança de Produtos está atuando inicialmente em três linhas:

  1. a) Combate às fraudes em fios e cabos elétricos, por meio de ensaios de resistência elétrica realizadas com microhmímetro.  
  2. b) Fiscalização da segurança de brinquedos, com ensaios de queda, ensaios de partes pequenas, dentre outros.
  3. c) Investigação de metais pesados (tóxicos) como Cádmio e Chumbo em bijuterias e semijoias, utilizando um espectrômetro.

Com esse trabalho laboratorial, o Instituto de Metrologia do Governo de Santa Catarina dá robustez técnica para as ações fiscais, assegura o comércio justo e protege a concorrência leal e o consumidor catarinense.

 

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Produção e edição 

Por  Celina Sales para APJ/SC e ADI/SC

Contato: peloestado@gmail.com