O deputado federal Celso Maldaner está empolgado com a posição do MDB nas eleições para o governo do estado em 2022. Segundo ele, que é o presidente estadual do maior partido de Santa Catarina, o Manda Brasa, como é carinhosamente chamado, será protagonista, terá o seu candidato ao governo e com chances de vitória.
O diretório estadual decidiu marcar as prévias para 15 de fevereiro. Para Maldaner, as prévias deveriam ser realizadas ainda neste ano com a participação de todos os 187 mil filiados. Porém, em favor do entendimento, na condição de presidente, ele acatou a decisão da maioria. “Nunca me senti tão motivado. Meu nome continua à disposição para ser o candidato do MDB ao Governo de Santa Catarina”, destacou.
Nesta entrevista exclusiva à coluna Pelo Estado, feita por telefone entre uma reunião e outra da Câmara dos Deputados, em Brasília, ele destaca a força do MDB, ressalta a importância da unidade partidária e diz que gostaria de ver o governador Carlos Moisés terminar seu mandato e sair aplaudido pela sociedade catarinense.
Confira:
O senhor pode fazer um balanço sobre os encontros regionais feitos pelo MDB e a definição da data das prévias?
Finalizamos as 36 reuniões nas coordenadorias regionais, num clima muito bom, muito válido. Eu diria que foi um sucesso total, apesar da pandemia. Mas respeitamos o distanciamento, o uso de máscaras e deu tudo certo. E como as prévias, que estavam marcadas para 15 de agosto, foram adiadas pela Executiva Estadual, também por conta da pandemia, eu marquei nova reunião para 23 de agosto, num hotel em Florianópolis, onde decidimos escolher a nova data das prévias. Eu tive que administrar, como um magistrado, como o presidente estadual do partido e jamais poderia colocar interesses pessoais acima dos interesses do partido. E conversando com o prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Lunelli, um dos pré-candidatos ao governo do estado; e como o senador Dário Berger, o outro pré-candidato, já havia anunciado a pedido da bancada que também era favorável, inicialmente pensamos na marcação das prévias para 15 de março, em função da governabilidade que os deputados vêm dando ao governador Carlos Moisés. Se fôssemos submeter à votação, acredito que as prévias seriam realizadas este ano. Mas, depois, num entendimento entre eu e o Antídio Lunelli, chegamos a conclusão de que isso poderia criar uma divisão interna. Então, ouvimos todos que queriam se manifestar, e no final, então, decidimos, por aclamação, a data de 15 de fevereiro, quando será escolhido o nosso candidato a governador. Mas ficou bem claro que o MDB será protagonista, não será coadjuvante em 2022. O MDB terá o seu candidato a governador e se houver entendimento antes dessa data, não há necessidade de se fazer as prévias. Se não houver entendimento antes, o MDB e a sociedade catarinense ficarão sabendo, em 15 de fevereiro de 2022, entre Antídio Lunelli, Celso Maldaner e Dário Berger quem será o candidato do partido ao governo do estado.
Dentro do MDB há uma corrente que defende chapa pura, qual a sua opinião?
Em nome do entendimento, quase anunciamos a formação da chapa pura do MDB na reunião do dia 23, em Florianópolis. Mas o MDB tem humildade, tem uma história linda que orgulha Santa Catarina, tem o legado de nomes importantes, como os ex-governadores Pedro Ivo Campos, Casildo Maldaner, Jose Augusto Hülse, nosso querido Luiz Henrique da Silveira, além do respeito a Paulo Afonso Vieira e Eduardo Pinho Moreira. Agora, já tivemos também eleições vitoriosas com a Tríplice Aliança. Então, temos um prazo até 15 de fevereiro para ouvir o partido, ouvir a sociedade e conversar com outros partidos. O MDB é um partido de centro, um partido do equilíbrio, e se vier outros partidos que tiverem interesse, vamos dialogar. Temos que ver também como fica a Reforma Eleitoral no Senado. Pela Câmara, teremos coligações na proporcional, mas quem vai dar a última palavra é o Senado. A princípio o Senado é contra voltar às coligações na proporcional. Então, vai depender muito da decisão do Senado e com certeza vai depender muito dos partidos que vão procurar ter candidato a governador, em função da legislação e também em função dos candidatos em nível nacional. Se sair uma terceira via em nível nacional entre os partidos de centro, tudo pode acontecer em Santa Catarina.
“MDB terá o seu candidato a governador e se houver entendimento antes dessa data, não há necessidade de se fazer as prévia”
O resultado das prévias não pode criar o risco da divisão do partido?
Não podemos dividir o gigante que é o nosso Manda Brasa. Acredito que nenhum projeto pessoal deve estar acima da unidade do partido. Devemos respeitar e continuar a lutar pelo aprimoramento da democracia. Nunca me senti tão motivado. Meu nome continua à disposição para ser o candidato do MDB ao Governo de Santa Catarina.
O senhor acha que dentro desta lógica de terceira via o MDB torna-se uma boa opção?
O nosso lema é: Todos por um Brasil Só! Este é o lema que o MDB vai lançar e trabalhar. Todos por um Brasil Só. Não queremos dois Brasis, um Brasil da extrema direita, não queremos um Brasil da extrema esquerda. Nós queremos o melhor para Santa Catarina e para o Brasil. Então é muito importante manter o diálogo de alto nível e pensar em alguém que unifique o Brasil e também Santa Catarina. É importante este diálogo com partidos que pensem igual ao MDB.
Sobre a eleição em Santa Catarina, em caso de chapa pura o senhor acha que os três pré-candidatos do partido podem compor essa chapa só com integrantes do MDB?
Se tivéssemos dialogado antes, quem sabe poderia ter acontecido já essa composição. Essa conversa ainda vai acontecer entre os três pré-candidatos. Se tiver consenso entre os três dentro desta proposta, por que não? Daí vai depender do Antídio Lunelli, do Dário Berger. Eu já me propus ao entendimento. Mas cada um vai fazer o seu trabalho. Mas vamos respeitar o pensamento das pessoas que fazem parte dos diretórios municipais que vão decidir o futuro do MDB. Nós temos que colocar a democracia em prática e estamos muito afinados, pensando da mesma maneira e com certeza tudo pode acontecer.
“Eu gostaria que o governador Carlos Moisés concluísse o mandado e saísse aplaudido do governo do estado”
Há uma conversa de bastidores de que o governador Carlos Moisés (sem partido) poderia se filiar ao MDB e ser um candidato de consenso. O que o senhor pensa sobre esta possibilidade?
E acho que o Moisés teria dificuldade, ele não tem história dentro do MDB e teria dificuldade inclusive de participar de uma prévia, por exemplo. Mas estamos torcendo por Santa Catarina. Eu gostaria que o Moisés concluísse o mandado e saísse aplaudido do governo do estado. Porque os principais partidos, o MDB, o PP, o PSD, o PSDB e até o PL estão dando apoio para a governabilidade. E esse é o compromisso do MDB, pela governabilidade, não um compromisso político. Por isso decidimos pela unidade do MDB, mantermos as prévias para o dia 15 de fevereiro. E se o governador, no momento em que decidir optar por um partido, pode criar uma dissidência dentro da própria base do governo. Não sei se ele vai se decidir antes de março, mas eu particularmente gostaria que ele terminasse o mandato de governador e saísse aplaudido pela sociedade catarinense.